Fernando Pessoa - a ironia
Escreve Óscar Lopes, em Ler e depois, que a poesia de Fernando Pessoa correspondia exatamente à necessidade sentida por ele como leitor a dado momento, pela cisão do sim ou não («ser ou não ser eis a questão» shakespeariana, tão do agrado de Pessoa), pela polifonia e pela ironia dúbia. E valoriza essa «especial ironia que vibra em cada poesia, em cada verso, mas sobretudo no conjunto das obras de Pessoa» e que considera «um momento de consciência».
E afirma Óscar Lopes: «A poesia de Fernando Pessoa é essencialmente irónica», no sentido socrático de «arte de pôr tudo em questão». A principiar pela própria sinceridade poética. Fingir e ser sincero - os dois pólos necessárias da Arte, numa recepção de leitores dotados de inteligência e sensibilidade.
Óscar Lopes, 1969 - «Fernando Pessoa I. Um momento de consciência», in Ler e Depois crítica e interpretação literária/1, pp.236-237, Editorial Inova Limitada, Colecção Civilização Portuguesa
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