Dois motivos importantes para festejar o dia 8 de Março.
Poder-se-ia pôr em causa o dia da mulher, se a mulher tivesse sido tão dignificada como o homem desde sempre. A igualdade de género é uma reivindicação que terá de atingir até as regras da concordância gramatical. Não é justo que, num grupo de muitas mulheres e um homem, o correcto seja o masculino em casos como «Estamos todos aqui muito satisfeitos». A maioria deveria ditar o género, seria democrático. Para chegar aí, há ainda muitas etapas a vencer com maior prioridade.
Quanto ao dia triunfal de Fernando Pessoa, 8 de Março de 1914, poder-se-ia estabelecer uma relação com o dia da mulher. Sabe-se que o dia da mulher faz hoje 100 anos e sabe-se que foi festejado na data de 8 de Março de 1914, na Europa. O ponderado Pessoa não iria escolher, a 13 de Janeiro de 1935, ao acaso, a data triunfal para o parto do trio heteronímico. Ficava-lhe bem ter pensado na mulher e na concepção feminina. Não sabemos as razões da escolha, mas sabemos que escolheu essa data. E, a meu ver, foi muito bem escolhida. Para quem queria sentir tudo de todas as maneiras, não poderia excluir o sentir mulher. E a prova de que não excluiu esse sentir é o texto assinado com o nome feminino, mas híbrido também: Maria José.