I
-Escreve – grita a voz à mão escrevinhadora.
A paisagem é outoniça em conformidade com o estado de alma.
- Ariel e Pessoa – sussurra a voz. – Apaga, acabaste de ler
os Esteiros e o gozo a essa tirada do
intelectual face às cheias do Ribatejo.
Fogos em outono estival. Arde a paisagem.
- Então? Arde o estado ou arde a alma?
II
-Não era esse o caminho de abertura. Apaga. O texto não pode
ser datado, Há outonos sem fogos. Os cinzentos apagadores. Os que geram a
saudade dos outonos quentes e solarengos de belas cores. Claro, sem fogos.
Apenas belos.
Estados de alma outonais.
12 de novembro de 2017