- Quando se fala em rubai, está a falar-se de poesia masculina?
- Sim, penso que sim. Não conheço Rubaiyat feminino.
- Mas uma voz feminina ficaria bem no coro polifónico.
- Desde que não destoasse...
- Em poesia, fica difícil saber, na hora, quem destoa.
- Tentemos a construção: «Bebamos licor dos deuses dourado,/ Servido d'alto por belo criado,/ Enquanto a conversa fútil flui,/ Com o mar ao fundo e céu nublado.»
sábado, 20 de junho de 2009
Omar Khayyan, autor de RUBAIYAT
- Quem é Omar Khayyan?
- Um sábio persa, nascido no século XI(1044?), famoso na sua época, no domínio da matemática, da astronomia, da filosofia. Também foi poeta.
- Que se sabe dele, como homem de ciência?
- No que respeita à álgebra, classificou as equações algébricas; no que respeita á geometria, desenvolveu a teoria das linhas paralelas. Quanto à astronomia, construiu um calendário solar muito rigoroso.
- E na literatura?
- Passa a ser conhecido, no ocidente, quando, no século XIX, Edward Fitzgerald traduz Rubaiyat para inglês.
- Foi essa obra que Pessoa conheceu, estudou, tentou traduzir...
- E que o inspirou para criar o seu Rubaiyat. O tal diálogo intertextual que atravessa os séculos, como uma voz polifónica.
- Giro! Ergue-se uma voz e a ela juntam-se outras, através dos séculos...
- Penso que Pessoa era muito sensível a esse processo de trabalho poético. E vai deixando pistas na sua obra, para que encontremos essa polifonia.
- Já agora, cite-se um rubai que tenha sido feito por Khayyan, traduzido para o inglês por Fitzgerald e , para o português, por Pessoa.
- Escolho este:
«Já muita vez jurei de me emendar, / Mas não staria eu bebado a jurar?/ Mas vinha a primavera, vinham rosas,/ E emenda e jura se esvahiam no ar.»
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