domingo, 31 de maio de 2015

CONDIÇÃO HUMANA



Condição humana

Nascer condenado à morte é dor de existir com perdas e lutos de amor.
Mezinhas e crenças acolchoam a ferida a sarar, a sangrar.
Figas e negas, esquecimento na labuta dos dias – a sobrevivência.
Punhal afiado em pêndulo da ceifeira de vidas vem e vai.
Penetra fundo no coração e sai em grito de raiva prometaica,
Desafiando os deuses indiferentes com quem negoceio a eternidade:
Que não seja hoje nem amanhã nem nunca…
Na certeza da condenação.

Aceitação - e porque não?
Que deuses nos prometeram a eternidade,
Para que a desejemos?
Morre a árvore, a mosca e o leão…
E tu, não?
És o espaço da interrogação revelada,
Apenas tu - bichos e árvores, não.

Dentro de ti, o pensamento: tu e o mundo,
Na caminhada rumo à questão do ser-aí.
Com projetos e contestação, entra na dança.
Não esqueças:
Tu és sujeito de mudança.
E não estás só: tu e o outro -
Fonte de alegria, fonte de preocupação…
Mas não te percas, ó único, tu és intérprete do mundo,
que nos integra no vasto Cosmos,
Quais borboletas feitas do pó das estrelas.

A angústia é humana e salutar,
É ampla e faz pensar,
No salão da consciência – palco da reflexão,
Podes optar e decidir pela Liberdade
De temer, de sofrer, de amar
E de filosofar.

Poesia zed – 29 de maio de 2015