Aprender a morrer é uma vertente da vida muito cara à autora deste blogue; sendo que «aprender até morrer» inclui a aprendizagem do morrer - a única certeza dos seres vivos. Em Junho, postou-se um texto tradutor da preocupação por essa aprendizagem tão oculta. A máxima «Para morrer basta estar vivo» simplifica o problema de uma forma redonda e absoluta.
Já vi morrer uma pessoa muito querida com a consciência plena de que chegara o momento da morte. Senti que a sua morte era encarada como uma partida para o lugar da sua crença, uma vez que o seu apelo foi uma declaração de confiança dentro da sua fé. Concluí que a crença pode ajudar os crentes na sua «passagem».
Motivou-me voltar ao assunto o artigo do Expresso de Tolentino de Mendonça, intitulado «Aprender a morrer». Dele saliento as seguintes ideias: «a morte é uma expressão da vida» e pode ser encarada como a oportunidade para olharmos a vida mais profundamente, pois ela amplia-a. Depois disto, o autor envereda pela aprendizagem «a estar com os outros», citando a obra de Cicely Saunders Velai comigo, que diz repetir continuamente a frase «Temos de aprender». Tolentino acrescenta que temos de aprender a embalar a fragilidade dos outros e a nossa, ajudar a não desesperar e a encontrar um fio de sentido...
Tolentino é crente, é padre, e isso permite-lhe ir para além da ciência acerca de «que coisa são as nuvens» - temática geral das suas crónicas.
Aprender a morrer parece ser mais difícil para uns do que para outros, na certeza de que é sempre difícil e assunto tabu naquilo que diz respeito ao próprio formulador do problema. Situados aí, a resposta está nos outros e na nossa relação com eles. Insatisfeita com as não respostas, continue-se a aprender até morrer.