domingo, 11 de abril de 2010

Odisseias

2. O Ser Humano vulgo o HOMEM – a resposta

A primeira palavra do poema grego Odisseia (doze mil versos em vinte e quatro cantos) é Homem - “o homem astuto que muito sofreu”.
Aqui está a apresentação do protagonista e a resposta para todas as questões enigmáticas da esfinge grega (metáfora absoluta do ser interrogante): o Homem.
E Eduardo Lourenço explica que «a Esfinge é incarnação perfeita da ambiguidade radical da situação humana» e é «ao mesmo tempo a realização plástica mais concreta do acto original do homem: a poesia». E sintetiza: «a esfinge é o homem e a resposta ao seu enigma uma resposta humana».
Se a resposta poética ao enigma da esfinge grega é o Homem, essa deveria ser a resposta a todos os enigmas. Descoberta a resposta ao enigma, seria preciso continuar a busca de «uma autêntica face do homem, uma existência em busca de uma essência». E a busca faz-se em todas as direcções, dentro e fora do homem. Mas é no homem que estão as respostas, porque é ele quem faz as perguntas e quem procura as respostas. O homem cria a esfinge, faz a pergunta esfíngica, cria Édipo para dar a resposta e cria a tragédia de mais um “homem astuto que muito sofreu”, continuando a criação. E «criar é ser poeta».

(Citações entre aspas rectas de LOURENÇO, Eduardo, 1974 – Tempo e Poesia, Porto, Editora Inova, pp39-46.)