domingo, 13 de dezembro de 2015

Prometeu (s) agrilhoado (s)



Prometeu (s)  agrilhoado (s)

ondeia a cabeleira a dominar
em mar encapelado a barcaça ondeia

entranço a cabeleira revolta
e a barcaça pejada de esperança
avermelha
aquele mar que interceta a terra
e aperta meus dedos nas tranças negras
de sons e imagens de dor

«há uma tempestade e um destroço de barco atirado
contra as rochas emergindo no mar indiferentes
 à desgraça humana.»

a humanidade sacrificada
na certeza do  sentido
- ma chevelure abimée -
roubar o fogo da vida
ó Prometeu sempre agrilhoado
- a cabeleira fustiga teu rosto -
mil aves de rapina debicam
teu fígado eterno
Zeus não perdoa

lavo teus cabelos
à centúria 21
entranço e desentranço
exposto ao sol ao vento à maresia
o prisioneiro do crime inocente
de ter nascido

a barcaça estremece
o fogo da vida abrasa
o naufrágio acontece
flutuam cadáveres
olhos abertos
para um céu desabitado de deuses
a quem roubaste o fogo
que já não aquece
mas incendeia

e eu penteio despenteio
o cabelo dos mitos
silenciando gritos
dos aflitos
na terra e no mar

Procura-se agora e sempre
A cantada por Eluard
«Je suis né pour te connaître
Pour te nommer
Liberté»

Todavia

Prometeu continua agrilhoado
E eu penteio e despenteio mitos

13 de dezembro 2015 Poesia zed