sábado, 28 de maio de 2016

Mário de Sá-Carneiro: ANTO, poema de Indícios de Ouro





ANTO

Caprichos de lilás, febres esguias.
Enlevos de ópio – Íris-abandono…
Saudades de luar, timbre de Outono,
Cristal de essências langues, fugidias…

O pajem débil das ternuras de cetim,
O friorento de carícias magoadas;
O príncipe das Ilhas transtornadas –
Senhor feudal das Torres de marfim…

Lisboa 1915 – fevereiro 14[1]

Sob o signo de António Nobre, depois de um intervalo, Mário recomeça a escrever, dedicando estas duas quadras ao poeta de . Salienta Cabral Martins[2] que esse poema é o único de Sá-Carneiro sobre um poema e poderá ser considerado uma homenagem a António Nobre e à sua poesia com a qual mantém uma relação intertextual em certos poemas, nomeadamente, Caranguejola com Males de Anto.

MJD.



[1] In Mário de Sá-Carneiro Verso e prosa, 2010, edição Fernando Cabral Martins, Assírio & Alvim.

[2] In O Modernismo em Mário de Sá-Carneiro, Fernando Cabral Martins, 1997, Editorial Estampa, Lisboa, pp. 78-79.