segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Que não seja hoje




Amo eternamente as amigas que partem sem dizer adeus
com mãos de açucenas e rosas brancas em paragem de mil trabalhos
Não há acenos que agitem a chama das velas em silêncio
Enlouquecem os rios que moram nas entranhas e desaguam no vazio
Que emerge sob o sol escaldante da mágoa
E numa fraga o grito aberto ecoa a dor que preside à existência
Crocitam os corvos embelezados de ébano em revoada
O dia é de enganos
Que não seja hoje que não seja hoje
A Primavera intumescida de seiva rebenta
Em flores chilreios zumbidos

Que não seja hoje

Apaziguo com missas e sortilégios
as mágoas que enegrecem os dias de luto tenaz
Da morte anunciada a todos os que respiram
na certeza do estertor final
Em avião assassino
Em bote mediterrânico
ou em camas de delícia e  dor

Que não seja hoje

1 de Abril 2015- a pensar Isabel
zed, diário 2015