«Género é um constructo
abstrato, um princípio de classificação, que emerge da observação do real, isto
é, da natureza: diferenciação sexual do reino animal e do vegetal»[1].
Para o que fica fora disso, havia o neutro. Por isso, a palavra
“poesia”, que vem do grego poiésis com o significado de «fabricação,
ação», era do género neutro.
É evidente que poeta era e é uma palavra do género masculino como
se pode verificar nas palavras de Vítor Aguiar e Silva: «De acordo com a origem
grega da palavra, Poeta é aquele que faz, aquele que cria. […] Desde o aedo da
Grécia primitiva ao bardo dos celtas e ao trovador medieval, o poeta
aparece-nos ligado às artes da música e do canto» (Enciclopédia Verbo).
Na história da Literatura, durante séculos a poesia publicada – ouvida ou escrita para o público – foi fabricada pelo género masculino, salvo raras exceções.
Depois houve o século XX e Simone de Beauvoir na conquista do espaço público da escrita da mulher e o feminismo aconteceu como uma explosão feminina da repressão secular. E, assim, hoje, pode perguntar-se se «a poesia tem Género». Esta pergunta veicula uma conquista feminina da contemporaneidade.
Na história da Literatura, durante séculos a poesia publicada – ouvida ou escrita para o público – foi fabricada pelo género masculino, salvo raras exceções.
Depois houve o século XX e Simone de Beauvoir na conquista do espaço público da escrita da mulher e o feminismo aconteceu como uma explosão feminina da repressão secular. E, assim, hoje, pode perguntar-se se «a poesia tem Género». Esta pergunta veicula uma conquista feminina da contemporaneidade.
Hoje, temos os poetas e as poetisas e com Sophia de Mello temos o
poeta e a poeta. Homens e mulheres poetam. Dessa arte, saem os poemas. E,
então, a pergunta faz-se ao produto poemático.
Os poemas têm género?
Em princípio, o género do poema será não o do autor/autora, mas o
do «eu poético» construído no poema. Porém, cada poema é uma peça de arte com
estilo próprio e esse estilo pode conter a marca do género do autor/autora.
Independentemente da questão do género, o valor do poema está na qualidade poética.
Independentemente da questão do género, o valor do poema está na qualidade poética.
[1] HEILBORN,
Maria Luiza. “Usos e Abusos da Categoria de Gênero” In: HOLLANDA, Heloísa
Buarque (org.) Y Nosotras latinoamericanas? estudos sobre Gênero e raça”. São
Paulo, Fundação Memorial da América Latina, 1992, p. 4. http://www.clam.org.br/bibliotecadigital/uploads/publicacoes/114_1042_usoseabusosdacategoriadegenero.pdf.pdf
Valioso pelo rigor de conceitos e pela oportunidade. Sophia de Mello recusou o feminino poetisa. Mas a adoção de uma forma exclusiva para as mulheres-poetas não terá a vantagem de tornar viva a memória da luta das mulheres pelos seus direitos? O francês poetesse foi introduzido, segundo o dicionário etimológico de Wartburg, no século XVII, e o português poetisa está documentado a partir de 1813. Reservemos para a grandeza de Sophia a exclusividade de ser designada de a poeta; as outras são poetisas por "lei" gramatical.
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