Sou seguidora do blog "De rerum natura" e achei muito interessantes as reflexões de Rómulo de Carvalho, depois do seu estudo sobre a educação em Portugal, respondendo ao porquê do sentir que, em educação, está sempre tudo mal.
http://dererummundi.blogspot.com/2010/08/educacao-esta-sempre-mal.html
«Novo texto recebido de António Piedade:
[…]
A páginas tantas, o Professor Rómulo de Carvalho disse-nos que tinha estudado a Educação em Portugal, desde o início da nacionalidade portuguesa até ao fim do regime Salazar-Caetano, e que dessa investigação iria a Fundação Calouste Gulbenkian publicar (o que aconteceu em 1986 - ) uma obra inédita em múltiplos sentidos: nunca ninguém antes, quer fosse ou não historiador, tinha levado a cabo tamanha tarefa; nunca ninguém antes, quer fosse ou não especialista em educação, tinha ousado analisar criticamente e com o distanciamento necessário ao bom juízo, "o conhecimento histórico sobre o modo como o ensino foi ministrado e os respectivos resultados da educação"; nunca ninguém antes em Portugal tinha ido à procura da razão histórica dos seus próprios alicerces educativos, no sentido de traçar denominadores comuns e específicos ao contexto do país em cada época. Era estranho, disse-nos ele, que os reformadores não tivessem uma mínima curiosidade sobre as lições que estavam por retirar dos diversos modelos de educação aplicados ao longo da história Lusa.
Rómulo de Carvalho fez-nos então nessa tarde de Verão refrescada com limonada caseira, um comentário que ainda hoje recordo: ao longo da história da educação em Portugal encontramos uma constante referência à queixa de que a educação nunca estivera tão mal como então. Em cada época, repetia-se a sensação de insatisfação com o estado da Educação.
[…]
E, segundo ele, haveria sempre um desfasamento de cerca de uma década, entre o reconhecimento de um dado conhecimento e da utilidade social da sua transmissão às novas gerações através da escola: tempo para o compreender e encontrar a forma de o transmitir; tempo para o ensinar aos que o iriam ensinar; tempo para formar os que no terreno cumpriam o papel mais nobre da Escola que é o de assegurar a minimização de erros na sociedade.
Agora, se a este desfasamento adicionarmos mais experimentações de novos modelos de ensino e de avaliação do saber supostamente transmitido e adquirido, sem o seguro conhecimento das especificidades e das necessidades de um País alfabeticamente empobrecido, então talvez o atraso no estabelecimento de uma cultura científica democrática, necessária a todos os cidadãos, sem excepção, numa sociedade de base tecnológica como é a nossa, não se medirá em décadas e a medida padrão de atraso mais adequada tenda para o "quartel".
Mas afinal, será próprio da Educação este estar sempre mal?»
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