segunda-feira, 31 de maio de 2010
«O século XX português é uma história de sucesso»
(reciclagem do semanário Expresso)
Depois de folhear o primeiro caderno, a selecção recaiu no artigo de Henrique Raposo: «O meu avô, o meu pai, e eu». É um prazer cerebral ler uma frase assim: «O século XX português é uma história de sucesso, meus amigos». Atrás da orelha do leitor habituado ao jornalismo da desgraça, a pulga começa a comichar: Então porquê, Henrique?
Muitas vezes, penso que nasci na Idade Média ( em 1944), mas o avô, visto pelo neto Henrique, avança para as invasões francesas para regredir para a o Alentejo Mauritânia. Enfim, concluo que estamos de acordo: Idade Média, mais ou menos.
O retrato dessa época aparece condensado na frase: «o terceiro mundo estava ali estacionado». É mesmo assim que eu vejo a minha aldeia minhota com os seus poucos habitantes: parada na rotina diária e social. E Deus no céu e Salazar na terra governavam o pequeno mundo imutável. E nenhum deles queria mudança. E o mundo era o palco medieval, no qual os actores se mexiam para actuar de acordo com a cartillha. E foi mais de meio século assim.
Contudo, aquele avô analfabeto e esforçado, como tantos outros, arregaçou as mangas e ajudou a construir um mundo que permitiu ao seu filho ir à escola e avançar como empresário até ao «hall do primeiro mundo», onde o Henrique nasceu e cresceu, sendo hoje o «cronista benjamim do maior jornal do país». Parabéns.
Mas isso não quer dizer que o século XX tenha sido um século de sucesso nacional.Nem todas as histórias de esforço parental foram assim tão bem sucedidas. Porém, a revolução sócio-cultural aconteceu e está em curso.
sábado, 29 de maio de 2010
«EINSTEIN, O REBELDE» (lendo Mundos Paralelos de Michio Kaku)
1. O aparente insucesso escolar de Einstein: «Os professores não gostavam deste estudante com pouca vergonha e convencido que, frequentemente, faltava às aulas».
2. A dificuldade de arranjar emprego: Depois de ter acabado o curso no Instituto Politécnico de Zurique, em 1900, encontrou-se desesperadamente desempregado. «Considerava-se um falhado e um doloroso peso financeiro para os pais»; o pai morreu «convencido de que o seu filho era um falhado».
3. O primeiro emprego: «modesto funcionário no registo de Patentes da Suíça em Berna», emprego conseguido a custo, porque um colega seu «mexeu uns cordelinhos».
4. O valor da leitura: «Na sua infância, Einstein tinha lido um livro de Aaron Bernstein, People's Book on Natural Science, " um trabalho que li com ansiosa atenção", recordará ele. Bernstein pedia ao leitor que imaginasse que percorria a electricidade quando ela corria ao longo de um fio do telégrafo». A criança Einstein imaginou que, «se fosse possível correr ao longo de um feixe de luz, ele pareceria congelado como uma onda imóvel».
5. A busca das respostas: Aos 16 anos, perguntou-se "qual seria o aspecto de um feixe de luz, se fosse possível apanhá-lo.Mais tarde, respondeu à questão: «se eu perseguir um feixe de luz com a velocidade c (a velocidade da luz no vácuo), observarei esse raio de luz como um campo electromagnético em repouso que oscila espacialmente».
6. Einstein e as teorias de Newton: «Do mesmo modo que a descoberta de Newton unificou a física da terra com a física dos céus, Einstein unificou o espaço com o tempo. Mas também mostrou que a matéria e a energia estão unificadas e, por conseguinte, podem transformar-se uma na outra».
( KAKU, Michio, 2010, Mundos Paralelos - uma viagem pela criação, dimensões superiores e futuro do cosmos, Lisboa, Editora Bizâncio, pp.50-54).
2. A dificuldade de arranjar emprego: Depois de ter acabado o curso no Instituto Politécnico de Zurique, em 1900, encontrou-se desesperadamente desempregado. «Considerava-se um falhado e um doloroso peso financeiro para os pais»; o pai morreu «convencido de que o seu filho era um falhado».
3. O primeiro emprego: «modesto funcionário no registo de Patentes da Suíça em Berna», emprego conseguido a custo, porque um colega seu «mexeu uns cordelinhos».
4. O valor da leitura: «Na sua infância, Einstein tinha lido um livro de Aaron Bernstein, People's Book on Natural Science, " um trabalho que li com ansiosa atenção", recordará ele. Bernstein pedia ao leitor que imaginasse que percorria a electricidade quando ela corria ao longo de um fio do telégrafo». A criança Einstein imaginou que, «se fosse possível correr ao longo de um feixe de luz, ele pareceria congelado como uma onda imóvel».
5. A busca das respostas: Aos 16 anos, perguntou-se "qual seria o aspecto de um feixe de luz, se fosse possível apanhá-lo.Mais tarde, respondeu à questão: «se eu perseguir um feixe de luz com a velocidade c (a velocidade da luz no vácuo), observarei esse raio de luz como um campo electromagnético em repouso que oscila espacialmente».
6. Einstein e as teorias de Newton: «Do mesmo modo que a descoberta de Newton unificou a física da terra com a física dos céus, Einstein unificou o espaço com o tempo. Mas também mostrou que a matéria e a energia estão unificadas e, por conseguinte, podem transformar-se uma na outra».
( KAKU, Michio, 2010, Mundos Paralelos - uma viagem pela criação, dimensões superiores e futuro do cosmos, Lisboa, Editora Bizâncio, pp.50-54).
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Porque é que o céu nocturno é escuro?
Imaginem quem foi a primeira pessoa a dar «a chave para a a resposta correcta»:
o escritor (astrónomo amador) Edgar Allan Poe (1809-1849), em Eureka: A Prose Poem. Escreveu assim: «Se a sucessão das estrelas não tivesse fim, então o fundo do céu apresentaria uma luminosidade uniforme, semelhante à que é exibida pela Galáxia - por conseguinte, não poderia haver absolutamente nenhum ponto, em todo esse fundo, onde não existisse uma estrela. Assim, a única maneira, de, em tais condições, compreendermos os vazios que os nossos telescópios encontram em inúmeras direcções, seria supor que a distância do fundo invisível [é] tão grande que nenhum raio vindo de lá pode chegar até nós».
As palavras de Poe, segundo Michio Kaku, contêm «a chave para a resposta correcta». Porém, hoje sabe-se que:
- «O Universo não é infinitamente antigo. Houve um Génesis».
- «O Universo tem apenas 13,7 mil milhões de anos de idade».
- «A luz que chega aos nossos olhos tem um atalho finito».
- «Quando olhamos para o céu nocturno, estamos a olhar para ele tal como era no passado».
- «Para o céu nocturno ser claro, o Universo teria de ter centenas de biliões de anos-luz» e não tem.
- Outra razão para o céu ser escuro: «a duração finita das estrelas, medida em milhares de milhões de anos».
- Depois de explanar essa informação, Kaku responde à pergunta do título, depois de formular outra pergunta: «o que há para além das galáxias mais distantes?». Responde então que entre as galáxias há apenas escuridão. «Esta escuridão é que faz com que o céu nocturno seja escuro. [...) No entanto, esta escuridão é, na realidade, a radiação de fundo de microondas. Assim, a resposta final à questão [...] é que o céu não é completamente escuro». Se pudéssemos ver a radiação de microondas, veríamos a radiação do big bang inundando o céu nocturno, todas as noites.
( KAKU, Michio, 2010, Mundos Paralelos - uma viagem pela criação, dimensões superiores e futuro do cosmos, Lisboa, Editora Bizâncio, pp.46-50).
domingo, 23 de maio de 2010
«O homem de Porlock» - a interrupção literária
ACTUAL FRAGMENTÁRIA
O século era vinte e um e ela lia o Actual com Cunhal na capa e as artes a seguir. Tudo lhe interessava e nada lhe interessava. Dependia da hora do dia. No saco plástico não faltava papel, que, depois, seguiria para a reciclagem mental e material. Uma revista só de culinária fez as delícias dos olhos cansados. Bem, essa ficaria na colecção seleccionada de cozinheira. Propunha receitas das carnes preferidas: aquelas que não deixam ficar mal a insegurança da eterna aprendiz. O prefixo in era o seu preferido. E tem tudo a ver com o texto imperfeito que produz infinitamente. Ele surge, ela começa a escrever e ele pára por si ou pela interrupção sagrada do homem de (Interrupção mental. Aparece prockorn. Mas isso é o nome do pão com muitos cereais mal moídos. Pesquisa no Google. Ela bem sabia que não era prockorn. O certo é que foi parar a um blogue que comentava as notícias sensacionalistas. A da professora que posara para a Playboy. E a do assassinato de mãe e filha por tresloucado marido/pai. Ali ao lado. Na cidade dela. A família. Sagrada. Não é confiável? Está com os pais e sossega-se. Pode? E era o tacão altíssimo dos sapatos à la mode que gerava a discussão: sim e não à proibição entre argumentos de saúde e de beleza. Mas quem paga a saúde? Sobre isso não escreveram. Bem, felizmente era só uma entrada).
O homem afinal era de Porlock. Pois. A interrupção literária. Kubla Khan e o poeta inglês que era (Vazio cerebral. Volta à pesquisa. Mais fácil agora. Na barra inferior. É só clicar).
E o poeta inglês chama-se Samuel Taylor Coleridge. Aparece o artigo em inglês de Maria Irene Ramalho. Ela até já comprara o livro dos poetas do Atlântico, onde Pessoa é o destaque.
No Outono de 1797, Coleridge lia (Lia: giro, ela tinha tido uma aluna com esse nome) as aventuras de Marco Polo no reino de Kubla Khan quando adormeceu sob o efeito de um medicamento um pouco opiado e teve um sonho poemático acerca do palácio desse reino. Ao acordar, escreveu o sonho poema até ser interrompido pelo homem de Porlock e, embora tenha retomado o poema com mais uma vintena de versos, sempre considerou o poema incompleto por interrupção, face ao poema do sonho. Impensável, ó Colerige, o valor hermenêutico desse acontecimento literário! Se não fosse a interrupção literária os poemas não teriam fim? O fim pode ser lido como interrupção?
Virtual à parte, ela sustenta na mão Poetas do Atlântico – Fernando Pessoa e o modernismo anglo-americano de Maria Irene Ramalho com prefácio de Harold Bloom (e ela admira-se provincianamente com um enorme ponto de exclamação cerebral que não regista). Nessa obra, há um artigo intitulado «Interrupção Poética: um Conceito Pessoano para a Lírica Moderna».
De facto, Fernando Pessoa escreveu O homem de Porlock. Nesse texto, o autor valoriza na arte o sonho e a interrupção externa ou interna e fatal («o "Homem de Porlock", o interruptor imprevisto») bem sentida por ele até ao outramento literário. E por causa desse visitante interruptor «o que de todos nós resta, artistas grandes ou pequenos, [...] são fragmentos do que não sabemos que seja, mas que seria, se houvesse sido, a mesma expressão da nossa alma» (PESSOA, Fernando, 2006: Prosa Publicada Em Vida, edição Richard Zenith, Lisboa, Assírio e Alvim, pp.116-118).
O século era vinte e um e ela lia o Actual com Cunhal na capa e as artes a seguir. Tudo lhe interessava e nada lhe interessava. Dependia da hora do dia. No saco plástico não faltava papel, que, depois, seguiria para a reciclagem mental e material. Uma revista só de culinária fez as delícias dos olhos cansados. Bem, essa ficaria na colecção seleccionada de cozinheira. Propunha receitas das carnes preferidas: aquelas que não deixam ficar mal a insegurança da eterna aprendiz. O prefixo in era o seu preferido. E tem tudo a ver com o texto imperfeito que produz infinitamente. Ele surge, ela começa a escrever e ele pára por si ou pela interrupção sagrada do homem de (Interrupção mental. Aparece prockorn. Mas isso é o nome do pão com muitos cereais mal moídos. Pesquisa no Google. Ela bem sabia que não era prockorn. O certo é que foi parar a um blogue que comentava as notícias sensacionalistas. A da professora que posara para a Playboy. E a do assassinato de mãe e filha por tresloucado marido/pai. Ali ao lado. Na cidade dela. A família. Sagrada. Não é confiável? Está com os pais e sossega-se. Pode? E era o tacão altíssimo dos sapatos à la mode que gerava a discussão: sim e não à proibição entre argumentos de saúde e de beleza. Mas quem paga a saúde? Sobre isso não escreveram. Bem, felizmente era só uma entrada).
O homem afinal era de Porlock. Pois. A interrupção literária. Kubla Khan e o poeta inglês que era (Vazio cerebral. Volta à pesquisa. Mais fácil agora. Na barra inferior. É só clicar).
E o poeta inglês chama-se Samuel Taylor Coleridge. Aparece o artigo em inglês de Maria Irene Ramalho. Ela até já comprara o livro dos poetas do Atlântico, onde Pessoa é o destaque.
No Outono de 1797, Coleridge lia (Lia: giro, ela tinha tido uma aluna com esse nome) as aventuras de Marco Polo no reino de Kubla Khan quando adormeceu sob o efeito de um medicamento um pouco opiado e teve um sonho poemático acerca do palácio desse reino. Ao acordar, escreveu o sonho poema até ser interrompido pelo homem de Porlock e, embora tenha retomado o poema com mais uma vintena de versos, sempre considerou o poema incompleto por interrupção, face ao poema do sonho. Impensável, ó Colerige, o valor hermenêutico desse acontecimento literário! Se não fosse a interrupção literária os poemas não teriam fim? O fim pode ser lido como interrupção?
Virtual à parte, ela sustenta na mão Poetas do Atlântico – Fernando Pessoa e o modernismo anglo-americano de Maria Irene Ramalho com prefácio de Harold Bloom (e ela admira-se provincianamente com um enorme ponto de exclamação cerebral que não regista). Nessa obra, há um artigo intitulado «Interrupção Poética: um Conceito Pessoano para a Lírica Moderna».
De facto, Fernando Pessoa escreveu O homem de Porlock. Nesse texto, o autor valoriza na arte o sonho e a interrupção externa ou interna e fatal («o "Homem de Porlock", o interruptor imprevisto») bem sentida por ele até ao outramento literário. E por causa desse visitante interruptor «o que de todos nós resta, artistas grandes ou pequenos, [...] são fragmentos do que não sabemos que seja, mas que seria, se houvesse sido, a mesma expressão da nossa alma» (PESSOA, Fernando, 2006: Prosa Publicada Em Vida, edição Richard Zenith, Lisboa, Assírio e Alvim, pp.116-118).
sábado, 22 de maio de 2010
HALLEY , NEWTON E O COMETA DA RÉPUBLICA
O centenário da República faz recordar o centenário da visita assustadora do cometa Halley, visto como o causador do fim do mundo com o veneno dos seus gases.
Em 18 de Maio de 1910, o cometa Halley assustara os portugueses e foi lido, posteriormente, por muitos, como tendo trazido o fim da monarquia portuguesa e o início da República, a 5 de Outubro desse mesmo ano.
Edmund Halley (1656-1742), astrónomo amador, observara o cometa em 1682, e, deveras intrigado, procurou a opinião de Isaac Newton acerca de que força poderia controlar o movimento do cometa. Por sua vez, esse cientista insigne tinha estado a observar o cometa com o telescópio reflector por si inventado e pôde responder que «a força que se exerce sobre o cometa é inversamente proporcional ao quadrado da sua distância ao Sol» e que «a sua trajectória seguia a sua lei de gravitação que desenvolvera vinte anos antes» (KAKU, 2010: 43).
«A Natureza e as suas leis estavam ocultas na noite,
Deus disse: Faça-se Newton! E tudo foi luz.»
(apud KAKU, 2010: 43)
Em 18 de Maio de 1910, o cometa Halley assustara os portugueses e foi lido, posteriormente, por muitos, como tendo trazido o fim da monarquia portuguesa e o início da República, a 5 de Outubro desse mesmo ano.
Edmund Halley (1656-1742), astrónomo amador, observara o cometa em 1682, e, deveras intrigado, procurou a opinião de Isaac Newton acerca de que força poderia controlar o movimento do cometa. Por sua vez, esse cientista insigne tinha estado a observar o cometa com o telescópio reflector por si inventado e pôde responder que «a força que se exerce sobre o cometa é inversamente proporcional ao quadrado da sua distância ao Sol» e que «a sua trajectória seguia a sua lei de gravitação que desenvolvera vinte anos antes» (KAKU, 2010: 43).
Halley, surpreendido com a monumental descoberta de Newton, ofereceu-se para custear a publicação da nova teoria. E foi assim que, em 1687, Newton pôde publicar «o seu épico trabalho» Princípios Matemáticos da Filosofia Natural. Com esta obra, os cientistas, desconhecedores das leis mais importantes do sistema solar, ficaram habilitados a prever o movimento dos corpos celestes.
Grande foi o impacto da obra de Newton na Europa, traduzido desta forma poética por Alexander Pope (1688-1744):
Deus disse: Faça-se Newton! E tudo foi luz.»
(apud KAKU, 2010: 43)
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Kaku, Michio - MUNDOS PARALELOS
«Estão a aumentar as provas científicas que sustentam a existência do multiuniverso no qual universos inteiros estão continuamente a "brotar" de outros universos. Se tal for verdadeiro, será possível unificar duas das maiores mitologias religiosas, o Génesis e o Nirvana. A Criação ocorrerá continuamente na fábrica do Nirvana intemporal» (KAKU, 2010: 35).
terça-feira, 18 de maio de 2010
Economia rima com poesia
«Reciclagem em alta» do Caderno de Economia do semanário Expresso, de 15 de Maio, em ponto de cruz com o poema seleccionado de Adília Lopes::
Nicolau Santos voltou com a poesia
e com os cisnes
que perseguem a Fiama e a economia
entre o cisne e o monstro
«Sem vivo nem morto»
é Sócrates quem «cumpre o seu calvário»
grego e português
queres que te conte outra vez
certo certo sem talvez
é um verão mais elegante
«os contribuintes vão emagrecer»
guerra ao monstro obeso e elefante
que ele não escape outra vez
mas olha a novidade
«a economia ganha com a biodiversidade»
o Papa em Fátima
o milagre aconteceu
«estrelas cadentes»
e «Portugal cresceu»
«(de ócio de cisne e de ócio de Fiama
se faz a literatura portuguesa
minha contemporânea)»
Nicolau Santos voltou com a poesia
e com os cisnes
que perseguem a Fiama e a economia
entre o cisne e o monstro
«Sem vivo nem morto»
é Sócrates quem «cumpre o seu calvário»
grego e português
queres que te conte outra vez
certo certo sem talvez
é um verão mais elegante
«os contribuintes vão emagrecer»
guerra ao monstro obeso e elefante
que ele não escape outra vez
mas olha a novidade
«a economia ganha com a biodiversidade»
o Papa em Fátima
o milagre aconteceu
«estrelas cadentes»
e «Portugal cresceu»
«(de ócio de cisne e de ócio de Fiama
se faz a literatura portuguesa
minha contemporânea)»
sábado, 15 de maio de 2010
sexta-feira, 14 de maio de 2010
MUNDOS PARALELOS - KAKU, Michio
«Representações do Universo bebé»
Num primeiro momento, Michio Kaku expõe as origens do Universo pelos mitos cosmogónicos, subdivididos em duas categorias contraditórias: aqueles que apresentam a criação a partir do nada e os que consideram o Universo eterno (sem princípio nem fim).
Depois dessa deliciosa exposição, Kaku apresenta a possível conciliação dos dois tipos de cosmogonias a partir do mundo da ciência. Afirma, então:
«O que está a emergir gradualmente dos dados é uma grande síntese destas duas mitologias opostas. Talvez, especulam os cientistas, a Criação ocorra repetidas vezes num oceano intemporal de Nirvana. Nesta nova representação, o nosso Universo pode comparar-se a uma bolha que flutua num "oceano" muito mais vasto, onde novas bolhas estão constantemente a formar-se. De acordo com esta teoria, os universos, como bolhas que se formam na água a ferver, estão em criação contínua flutuando numa arena muito mais vasta, o Nirvana do hiperespaço a onze dimensões».
O estudo desses mundos paralelos ocupam os cientistas (físicos e astrónomos), abrindo portas para especulações que incluem a possibilidade da futura fuga de um Universo para outro.
O motor dessas novas teorias é o fluxo de dados dos satélites espaciais, nomeadamente do satélite WMAP, lançado em 2001, que forneceu uma imagem pormenorizada do Universo primitivo, com uma precisão sem precedentes, quando este tinha apenas 380 000 anos de idade, revelando numa fotografia do céu a radiação de microondas criada pelo próprio big bang (fotografou-se o "eco da criação").
quinta-feira, 13 de maio de 2010
MUNDOS PARALELOS
Lendo KAKU, Michio (2010) - MUNDOS PARALELOS - UMA VIAGEM PELA CRIAÇÃO, DIMENSÕES SUPERIORES E FUTURO DO COSMOS, 2ª edição, Lisboa, Editorial Bizâncio.
No prefácio, o autor começa por definir cosmologia: «o estudo do Universo como um todo»
Situa a primeira revolução da cosmologia no século XVII com a introdução do telescópio com o qual Galileu, na esteira dos estudos de Copérnico e de Kepler, abriu, pela primeira vez, «o esplendor dos céus à investigação séria». O progresso desta primeira fase culminou no trabalho de Newton, formulador das leis que «governam o movimento dos corpos celestes».
Seria preciso chegar ao século XX para a segunda revolução, iniciada com a introdução dos grandes telescópios. Em 1920, Huble usou o telescópio do Monte Wilson «para derrubar dogmas seculares, que afirmavam que o Universo era estático e eterno», demonstrando que o Universo está em expansão, uma vez que as galáxias se estão a afastar da Terra a velocidades enormes. Os seus estudos vieram confirmar os resultados da teoria da relatividade geral de Einstein, «segundo os quais a arquitectura do espaço-tempo, em vez de ser plana e linear, é dinâmica e curva, o que conduziu à primeira explicação plausível da origem do Universo: o Universo começou com uma explosão cataclísmica denominada big bang, que arremessou as estrelas e as galáxias no espaço». Dos estudos sobre o big bang emergiu um quadro com as linhas mestras da evolução do Universo.
A terceira revolução está em curso com os instrumentos de alta tecnologia que permitem obter dados muito seguros «sobre a natureza do universo, incluindo a sua idade, a sua composição e talvez até a sua provável morte futura»,
Não deixando de fazer a retrospectiva da cosmologia, o livro trata dessa terceira revolução, admitindo a existência de novas provas de o nosso Universo ser um entre muitos.
No prefácio, o autor começa por definir cosmologia: «o estudo do Universo como um todo»
Situa a primeira revolução da cosmologia no século XVII com a introdução do telescópio com o qual Galileu, na esteira dos estudos de Copérnico e de Kepler, abriu, pela primeira vez, «o esplendor dos céus à investigação séria». O progresso desta primeira fase culminou no trabalho de Newton, formulador das leis que «governam o movimento dos corpos celestes».
Seria preciso chegar ao século XX para a segunda revolução, iniciada com a introdução dos grandes telescópios. Em 1920, Huble usou o telescópio do Monte Wilson «para derrubar dogmas seculares, que afirmavam que o Universo era estático e eterno», demonstrando que o Universo está em expansão, uma vez que as galáxias se estão a afastar da Terra a velocidades enormes. Os seus estudos vieram confirmar os resultados da teoria da relatividade geral de Einstein, «segundo os quais a arquitectura do espaço-tempo, em vez de ser plana e linear, é dinâmica e curva, o que conduziu à primeira explicação plausível da origem do Universo: o Universo começou com uma explosão cataclísmica denominada big bang, que arremessou as estrelas e as galáxias no espaço». Dos estudos sobre o big bang emergiu um quadro com as linhas mestras da evolução do Universo.
A terceira revolução está em curso com os instrumentos de alta tecnologia que permitem obter dados muito seguros «sobre a natureza do universo, incluindo a sua idade, a sua composição e talvez até a sua provável morte futura»,
Não deixando de fazer a retrospectiva da cosmologia, o livro trata dessa terceira revolução, admitindo a existência de novas provas de o nosso Universo ser um entre muitos.
terça-feira, 11 de maio de 2010
MARCHA PELOS DIREITOS HUMANOS - Braga 7 de Maio
E a poesia de António Gedeão voltou à rua, em Braga, inspirando as vozes orquestradas, jovens e adultas, que ajudavam a Luísa a subir a calçada: «Luísa sobe, / sobe a calçada, / sobe e não pode / que vai cansada. / Sobe, Luísa,/ Luísa sobe / sobe que sobe, / sobe a calçada. / [...] / / Puxa que puxa, / larga que larga, / Anda Luísa [...]».
Em alguns rostos destas Luísas orquestradoras da Marcha pelos Direitos Humanos, o cansaço espreitava sem que a litania desse por isso.
E, ao som da poesia e do rufar dos tambores, a Marcha desaguava na Avenida Central, ladeada de mini-pavilhões sobre a BIODIVERSIDADE. Esta palavra dominou a semana bracarense, em termos da Ciência e da Educação. Por isso a MARCHA PELOS DIREITOS HUMANOS? Todos diferentes, todos iguais. Para quando?
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
[...]
(a vida verdadeira, a biodiversidade, os direitos dos homens: a utopia em construção)
Em alguns rostos destas Luísas orquestradoras da Marcha pelos Direitos Humanos, o cansaço espreitava sem que a litania desse por isso.
E, ao som da poesia e do rufar dos tambores, a Marcha desaguava na Avenida Central, ladeada de mini-pavilhões sobre a BIODIVERSIDADE. Esta palavra dominou a semana bracarense, em termos da Ciência e da Educação. Por isso a MARCHA PELOS DIREITOS HUMANOS? Todos diferentes, todos iguais. Para quando?
Perfila-se, então, no meu pensamento, Thiago de Mello e o seu poema Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente) :
Artigo I Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
[...]
(a vida verdadeira, a biodiversidade, os direitos dos homens: a utopia em construção)
sábado, 8 de maio de 2010
Economia não pode rimar com poesia? (3)
Reciclagem do Expresso, Caderno de Economia, da semana passada (sem o poema e sem Nicolau Santos - que terá acontecido).
PALAVRAS SOLTAS:
1.Palavra de ordem: «EMERGÊNCIA» «Responsabilidade» «Solidariedade» «Suspensão»
«Senão»
«Pedregulhos pendurados nos nossos pés»
«Nos arrastarão»
2. «GALP vai tirar 10 mil barris por dia do TUPI»
«Ao lado ainda tem os campos
de Iara, Iracema, Júpiter» (ó rei dos deuses)
«CARAMBA
E BEM-TE-VI»
3. Mais Valia
«E afinal onde podia o Estado cortar?»
«Greves e protestos sem fim á vista»
«As boas ideias atraem-nos»
«Snickers agora são feitos com mais amendoim»
Ai sim?
«É o fim do mundo em cuecas»
«O quebra-cabeças das mais-valias»
«Expectativa e solidariedade»
«VAI DISPARAR» / «BANCA TRAVA»
«UMA NOVA IDOLATRIA: dar mais poder aos accionistas
ou
capitalismo virado para o cliente»
Ó Mensagem surpreendente!!!
«Snickers agora são feitos com mais amendoim»
Ai sim?
«É o fim do mundo em cuecas»
«Quem diria que a eficiência pode ser tão atraente?»
«Não é coincidência, é consistência»
«O fenómeno da pobreza na Europa» – conferência»
«Mundo em mudança»
«O cerne da questão»
«O futuro é instalar um motor eléctrico nas rodas do automóvel»
«a pobreza na Europa»
«Continua a ser a burocracia, estúpido!»
«Foi um parto difícil»
«E não queríamos abrir uma mina de ouro ou um poço de petróleo, apenas um hotel»
«É o fim do mundo em cuecas»
«O cerne da questão»
Pode ser que sim / Pode ser que não
PALAVRAS SOLTAS:
1.Palavra de ordem: «EMERGÊNCIA» «Responsabilidade» «Solidariedade» «Suspensão»
«Senão»
«Pedregulhos pendurados nos nossos pés»
«Nos arrastarão»
2. «GALP vai tirar 10 mil barris por dia do TUPI»
«Ao lado ainda tem os campos
de Iara, Iracema, Júpiter» (ó rei dos deuses)
«CARAMBA
E BEM-TE-VI»
3. Mais Valia
«E afinal onde podia o Estado cortar?»
«Greves e protestos sem fim á vista»
«As boas ideias atraem-nos»
«Snickers agora são feitos com mais amendoim»
Ai sim?
«É o fim do mundo em cuecas»
«O quebra-cabeças das mais-valias»
«Expectativa e solidariedade»
«VAI DISPARAR» / «BANCA TRAVA»
«UMA NOVA IDOLATRIA: dar mais poder aos accionistas
ou
capitalismo virado para o cliente»
Ó Mensagem surpreendente!!!
«Snickers agora são feitos com mais amendoim»
Ai sim?
«É o fim do mundo em cuecas»
«Quem diria que a eficiência pode ser tão atraente?»
«Não é coincidência, é consistência»
«O fenómeno da pobreza na Europa» – conferência»
«Mundo em mudança»
«O cerne da questão»
«O futuro é instalar um motor eléctrico nas rodas do automóvel»
«a pobreza na Europa»
«Continua a ser a burocracia, estúpido!»
«Foi um parto difícil»
«E não queríamos abrir uma mina de ouro ou um poço de petróleo, apenas um hotel»
«É o fim do mundo em cuecas»
«O cerne da questão»
Pode ser que sim / Pode ser que não
sábado, 1 de maio de 2010
Economia pode rimar com poesia? (2)
No momento que antecede o envio dos jornais para a reciclagem, há uma vontade de revisitação do Expresso, neste caso, do de 24 de Abril de 2010, por sinal, muito pouco abrilino. Folheiam-se os cadernos principais com paragem certa no caderno de Economia (não me perguntem porquê). Acontece, então, a vontade de fixar por citação alguns excertos.
Poema de Herberto Helder, Aos Amigos (a selecção será de Nicolau Santos?):
«Amo devagar os amigos que são tristes
com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem
e estão sentados,
fechando os olhos,
com os livros atrás a arder
para toda a eternidade.
Não os chamo,
E eles voltam profundamente
dentro do fogo.
-Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.»
1. «cem por cento»
«Não se pode tapar o sol com a peneira»
E «Simon Johnson é uma alimária»
E «dias de cão e de especulação»
E «agora não temos saída»
E «um vulcão [...] entrou em erupção»
E que «a Natureza nos venha lembrar
quão frágeis continuamos a estar»
«E quem salva os cidadãos?»
«"Inútil", uma extraordinária aventura»
Inútil, «revista de poesia e de fotos no mercado português»
E «agora, não temos saída»
E é «culpa do vulcão islandês»?
Talvez.
2. «Lítio» / «O petróleo português» / «Minério Portugal / é já o quinto produtor mundial» / «dentro de dois anos a natureza volta a tomar / conta do lugar» / Nem vais acreditar / «É a maior mina de lítio da Europa» / A «Felmica / com sede em Mangualde / é aí que o mineral / é transformado em metal» / com «reabilitação ambiental» / «Quero [...] fazer em Portugal / a primeira fundição / resta-me encontrar o parceiro ideal».
Mas alguma coisa deve correr mal / agora não temos saída / a culpa é do vulcão islandês / ou, então, do fado português.
3. «Tecnologia portuguesa seduz EUA» / «faz sentido avançar assim / aceitar um desafio / dar o passo em frente / e ser reconhecido» / «Amor à primeira vista com a EFACEC» / E com a bandeira, manos, /«Entrego o coração dos georgianos».
Mas alguma coisa deve correr mal / agora não temos saída / a culpa é do vulcão islandês / ou, então, do fado português.
4. «Invasão de cisnes cinzentos» / «modeláveis» / «expectáveis» / «os gestores» / «os empresários» / «podem armar-se / de uma postura / de um pensamento / que os ajude a "farejar" / a «actuar / por antecipação» / a compreender o seu "comportamento" / e saber "navegá-los" quando rebentam».
De metáfora em metáfora / de Aristóteles a Maubossin / a culpa é do vulcão islandês / e das contas que deus não fez.
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