sábado, 10 de abril de 2010

ODISSEIAS

1. De Homero a Pessoa
A transformação do pacífico Ulisses, rei de Ítaca, em guerreiro ardiloso da guerra de Tróia, e a viagem errante de regresso a casa constituem matéria dos poemas homéricos.
A história do herói grego errante (que luta contra forças maiores para regressar a casa depois de uma guerra indesejada e desaprovada) pode ser lida como a história do ser humano, o qual, sem ter dado permissão e concordância, viaja no planeta Terra pelo cosmos, enquanto estuda o mundo envolvente e tenta vislumbrar o sentido (ou a falta de sentido) dessa viagem, bem como as leis que a regem.
É impressionante saber que esta história longínqua viajou no tempo, em canto de aedos, sintetizados no nome glorioso de HOMERO, até chegar à escrita. Ele é o mais antigo pilar literário da literatura ocidental. Também por isso, Ricardo Reis, o heterónimo pessoano de gosto classicista, escreveu: «deve haver, no mais pequeno poema de um poeta, qualquer coisa por onde se note que existiu Homero». Esta afirmação já apontava não só para a modernidade, mas para a pós-modernidade, no assumir, às claras, a polifonia literária e a intertextualidade.

5 comentários:

  1. "Quem sou, o que sou, o que faço aqui", são as perguntas que este ser pensante formula desde os confins do tempo, buscando para além de si uma explição.
    Entre os mais inquietos...os aedos. De sempre.
    Outros... "ingénuos?", os chamados de crentes, resumem todas as questões a uma só palavra: Deus.
    E desfilam a seguir diferentes "tramas envolventes", as religiões, apressando-se cada uma delas a assumir-se como detentora exclusiva das verdades supremas e dum relacionamento privilegiado com o divino!!!
    "Bem aventurados os pobres de espírito"...
    E mais não digo.

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  2. "Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus." Mas quem são os pobres de espírito? Sempre me causou estranheza esta bem-aventurança, que suponho, consta do Evangelho de S. Mateus. Deixo esta dúvida a quem me quiser responder.
    A consciência de mim, que me responsabiliza, faz-me, na minha condição de ser um ser, colocar a questão do sentido da VIAGEM que Seniora, a partir da história do famoso Ulisses, enuncia. A Viagem é colectiva e é individual. Uma Viagem de chegada e de partida e que se consubstancia na plenitude do e com o Outro.
    Fascina-me a História da Grécia, de Atenas, em particular. Continuamos na Viagem, com a mala cheia de perguntas, com que os gregos se defrontaram e nos legaram, mas podemos levar, conosco, o júbilo e a esperança na resposta que procuramos, incessantemente...

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  3. Absolutamente a favor da inclusão margarida do júbilo e da esperança na mala da Viagem. Sinto-me muito bem acompanhada com as duas comentaristas na dita Viagem. E já que é forçoso fazê-la, façamo-la juntas e em diálogo. Quem mais quer juntar-se?

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  4. Viagem nas águas dum mar salgado e incerto, feito de lágrimas em dias de tormenta ou espelhando um azul celestial em horas de acalmia!!! Mas... para além do júbilo e da esperança, a barca tem como lastro a partilha e nos remos a força de braços que já conduziram outras barcas e enfrentaram as fúrias de deuses que fariam corar Poseidon!!!
    Façamo-nos ao mar que aqui ao leme "...sou mais do que eu..."

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  5. E já somos quatro em viagem. E a companhia tornou-se mista. Que a cultura clássica ilumine a pós-modernidade e que a viagem se faça com júbilo, esperança, partilha e a força dos nossos braços para vencer a dor e o contratempo.
    Façamo-nos ao mar. Quem mais quer entrar na barca?

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