quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mário Crispo


Apreciei-o ontem na tv. Aparentava suavidade, para que não parecesse crispado aos olhos dos telespectadores. Ou então a onda da crispação já tinha dado o efeito desejado. Surgia meloso e queixoso da perda da sua casa. A criança perguntou: Aquele senhor tão simpático e bem vestido não tem casa? O adulto mandou-a calar. Queria saber o significado da palavra casa no contexto. A sua casa, explicava Mário, era a sua coluna no jornal. Pelos vistos, aquele jornalista pode dizer o que quiser no seu espaço do jornal, da tv, da rádio, e a isso chama liberdade de imprensa, de acordo com o princípio consensual de que, na casa de cada um, cada um diz o que quer.
Concluí que esse é o conceito de espaço público do homem suave que fora crispado e que estava ainda à janela de sua casa, na minha casa, a falar: - Tiraram-me a minha casa - dizia ele. Em seu socorro acorreram os políticos que desejam o poder e ainda o não o possuem q.b. Eis senão quando ele veste a t-shirt onde se lê «Eu ainda não fui processado pelo Sócrates». Ai não? Não, uso-a para dormir.

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