"No princípio era o Verbo. E o Verbo Se fez Homem, e habitou entre nós".
Pode aplicar-se o teor desse discurso de João Evangelista ao Verbo de Fernando Pessoa. Ele quis ser e foi o criador pela palavra. Os seus heterónimos, feitos de palavra materializada em discurso, cá ficaram, bem vivos em obra, a confirmar o poder do criador, equiparado aos deuses.
Como últimas palavras escritas, no dia 29 de Novembro, deixou expresso o desconhecimento do amanhã: "I know not what tomorrow will bring".
Se o amanhã, a curto prazo, lhe trouxe a morte, o amanhã, a longo prazo, trouxe-lhe a imortalidade, hoje celebrada.
Recorde-se o último poema de Alberto Caeiro, o Mestre, "ditado pelo poeta no dia da sua morte":
"É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, para lhe dizer adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada."
Sem comentários:
Enviar um comentário