terça-feira, 2 de junho de 2009

o sujeito: quem (tem a faca eo queijo na mão).

- Coloquemos antes a questão no sujeito.
- Mas que sujeito? Não sei de quem fala.
- Continuo a falar da expressão "ter a faca e o queijo na mão", de que nos ocupámos no último diálogo.
- Ah! Pensei que o assunto já era outro...
- Fiquei a remoer. Essa expressão é usada para significar que o sujeito que tem a faca e o queijo na mão faz aquilo que quer do queijo e com uma faca. O sujeito/agente, neste caso, é aquele que age sobre outro com uma ameaça, sempre pronta a acontecer.
- E onde é que isso nos leva?
- Pensa nas profissões e vai verificando.
- Vejamos, então, por exemplo, o médico. Em certas situações, eu diria que ele tem, de facto, a faca e o queijo na mão...
- É um bom exemplo. Continua.
- Eu sou aluno, frequento uma escola. E ouço o meu pai dizer muitas vezes para ter cuidado com os professores, porque eles têm a faca e o queijo na mão. Quando ele diz isso, eu olho para ele sem entender a que propósito fala daquilo. Depois, vejo-o a encolher os ombros e ouço-o explicar que, em sua opinião, os professores, se me tomarem de ponta, podem fazer comigo o que lhes der na veneta.
- E como te sentes ao tomar consciência disso?
- Na altura fico assustado, depois passa; mas, em certas situações escolares, lembro-me das palavras de meu pai. Penso, então, que é a minha vida de estudante que está nas mãos dos professores, porque me podem passar ou reprovar. E nunca me sinto muito seguro quanto a isso.
- É com "a faca e o queijo na mão" que os ditadores aguentam o poder durante muito tempo. E que muitos seres humanos controlam e subjugam os outros, que, amedrontados, se conformam com o sistema.

3 comentários:

  1. O poder é mesmo assim... Qual a forma de ele não se tornar perverso? Só criando mecanismos de fiscalização...Avaliando?

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  2. Agradeço o primeiro comentário a um texto do meu blogue recém-formado.
    Ou o ser humano se auto-regula ou será necessário criar uma sociedade de reguladores.
    Por estranho que pareça, será que a ânsia de poder sobre outrem é um dos ideais do ser humano?

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  3. Guida, falaste do Medo, no comentário ao texto anterior. Penso que esse sentimento muito profundo (que parece radicar na fiscalização ditatorial, feita para premiar ou punir e não para orientar na direcção correcta) é paralisante e constrangedor. Parece-me também que ainda não se soube criar um sistema de avaliação formativa dos professores, adequado à orientação pedagógica com vista à melhoria da aprendizagem dos alunos no século XXI. Nesse sistema, toda a comunidade educativa teria de estar envolvida e não só os professores e os alunos. E a avaliação seria dos professores e de toda a escola, dentro de um projecto educativo realista, capaz de clarificar onde se está e para onde se pretende ir, interligando toda a comunidade educativa. Dir-se-á: a lei está feita é preciso cumpri-la. Aqui reside mais um problema educacional: passar da teoria à prática, sem fazer batota.

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