Estamos a ler, no Clube de leitura da AMABA, a última obra de
Hélia Correia, Um bailarino na batalha. A obra abarca um conjunto de
outras obras num diálogo criador. Como obra fundadora do imaginário, a autora
aponta o bailado Xenos de Akram Khan[1],
na entrevista ao semanário SOL, de 28 de outubro de 2018:
«Este título
claramente convidava para outro ambiente. A sua escrita teria de ser da ordem
da poesia, não de uma narrativa estruturada. Mas isto serve para dizer que sei
de cor as peripécias que levaram a que este texto surgisse. Foi de algum modo
abençoado por uma coincidência: o último solo de um bailarino e coreógrafo de
quem muito gosto: Akram Khan. Que estreou em Atenas uma dança chamada Xenos».
Xenos explica a capa da obra - «um sonho cumprido»: «o cartaz com o derradeiro
solo de Akram Khan, Xenos» - palavras da autora no seu discurso de
aceitação do prémio da APE, publicado no JL de 31 de julho de 2019.
Nesse mesmo discurso a autora discorre sobre a palavra grega
Xenos, que significava hóspede / estrangeiro, dentro da civilização
hospitaleira da Grécia antiga (xenia), tal como é apresentada na Ilíada e na
Odisseia. Por isso, Zeus, o pai dos deuses era designado por Xénios - «protetor
dos visitantes e vingador dos maus tratos exercidos sobre estrangeiros».
A obra em causa tem por base a difícil caminhada pelo deserto
dos migrantes em direção à Europa e a receção europeia, reveladora não da xenia
mas da xenofobia.
14/11/2019 -
O coreógrafo britânico Akram Khan vai apresentar uma reflexão sobre a perda
de humanidade provocada pela guerra no espetáculo 'Xenos', ...
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