As gaivotas voaram do país de abril
Quem as vai buscar
Os cravos perderam o rubro das papoilas
Quem os vai pintar
Cercaram o retângulo a cimento e euros
Com muro assertivo de imposição
Quem o vai derrubar
O inimigo é virtual e financeiro
Voa e ninguém lhe acerta
Quem o vai matar
Perdeu-se a pedra filosofal
Quem a vai encontrar
25 de abril de 2015 – poesia zed
Zé, é bom ler os teus poemas. Mostrando-te e mostrando a tua dor, pelos sonhos traídos.
ResponderEliminarUm título muito apropriado, direi mesmo, perfeito, para o momento que vivemos: as gaivotas viram-se obrigadas a partir. Pelas mais diversas razões. Nem todas voltarão a este País, já que, como dizes, cercaram o retângulo.
Mas a Gaivota, sabêmo-lo, é símbolo de liberdade, ligada ao Mar e ao Céu. E ensina a voar e a lutar contra todos os ventos e tempestades.
E, nesse olhar, cito duas estrofes do poema de Ermelinda Duarte:
"Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa."
"Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás."
A cada um de nós, cabe-nos fazer o impossível para não voltarmos atrás.