quarta-feira, 9 de julho de 2014

Em Hydra, evocando Fernando Pessoa de Sophia de Mello Breyner Andresen



Em Hydra, evocando Fernando Pessoa de Sophia de Mello Breyner Andresen

Quando na manhã de Junho o navio ancorou em Hydra
(E foi pelo som do cabo a descer que eu soube que ancorava)
Saí da cabine e debrucei-me ávida
Sobre o rosto do real — mais preciso e mais novo do que o imaginado


Ante a meticulosa limpidez dessa manhã num porto
Ante a meticulosa limpidez dessa manhã num porto de uma ilha grega

Murmurei o teu nome
O teu ambíguo nome


 Invoquei a tua sombra transparente e solene
Como esguia mastreação de veleiro
E acreditei firmemente que tu vias a manhã
Porque a tua alma foi visual até aos ossos
Impessoal até aos ossos
Segundo a lei de máscara do teu nome


 

2 comentários:

  1. Creio nas árvores que têm raízes mergulhadas
    Num vasto seio de sono e de silêncio
    Donde se arrancaram como um voo

    Creio nas árvores que estão junto dos rios
    Dando sombra aos pastores e às águas
    Creio nas palavras ditas debaixo dos seus ramos
    Creio na ninfa presa nos seus troncos.

    Sophia de Mello Breyner Andresen, , in CORAL.

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    1. Josefa Porteljulho 19, 2014

      Coral

      Ia e vinha
      E a cada coisa perguntava
      Que nome tinha

      Sophia de Mello Breyner Andresen, , in CORAL.

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