domingo, 26 de agosto de 2012

Desassossegos

 Bernardo Soares, Livro do Desassossego:

«Pasmo sempre que acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me até de dar começo. Mas distraio-me e faço.»


«E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança sem vestígios.»

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