quinta-feira, 17 de março de 2011

A arte: «uma oferenda da consciência ao ser humano»


Continuando a ler e a reflectir sobre as palavras de António Damásio em O Livro da Consciência, partilho, neste texto, citações acerca da cultura e da arte.

  • «A biologia e a cultura são interactivas».
  • «Em última análise, como a arte está profundamente enraizada na biologia e no corpo humano mas pode elevar os seres humanos às mais altas cumeadas do pensamento e do sentimento, as artes tornaram-se numa via para o refinamento homeostático que os seres humanos acabaram por idealizar e ansiaram por alcançar, o equivalente biológico de uma dimensão espiritual nas questões humanas».
  • «Em resumo, a arte prevaleceu na evolução porque teve valor para a sobrevivência e porque contribuiu para o desenvolvimento do conceito de bem-estar». 
  • A arte «ajudou a consolidar grupos sociais e a promover a organização social»; 
  • A arte «apoiou a comunicação»; 
  • A arte «compensou os desequilíbrios emocionais causados pelo medo, pela raiva,, pelo desejo e pela mágoa»;
  • A arte «provavelmente abriu as portas ao longo processo de estabelecimento de memórias externas da vida cultural».
  • A arte «é uma das mais espantosas oferendas da consciência aos seres humanos».

quarta-feira, 16 de março de 2011

Lendo ANTÓNIO DAMÁSIO: "o inconsciente genómico"

 A NARRATIVA E O INCONSCIENTE GENÓMICO

Sempre me interroguei sobre a origem do denominador comum das narrativas fundacionais da literatura, ao ler a Bíblia, os poemas homéricos, as Mil e uma Noites, as lendas e narrativas medievais, as recolhas dos contos populares, etc.
A vontade humana de narrar ao longo dos tempos revela um emissor (colectivo ou singular) consciente do valor da perpetuação da memória de uma colectividade que não se quer perdida e um receptor colectivo atento e capaz de transmitir a mensagem.
Para além disso, o que me parece unir as referidas narrativas seria o comportamento humano despoletado pelos sentimentos do amor e do ódio atravessados pelo sofrimento e pelo medo e pelos seus contrários. Esses sentimentos e as respectivas emoções associadas poderiam ser considerados as traves da estruturação das acções arquitectadas discursivamente entre tensões e equilíbrios, na narrativa universal.
A leitura de O Livro da Consciência   aclara o tal denominador comum quando Damásio escreve que as narrativas  «giram, em grande medida, em torno da força dos programas emocionais inspirados pelo genoma» e esclarece que «o inconsciente genómico é em parte responsável pela uniformidade que marca  uma grande parte do reportório de comportamentos humanos».