quarta-feira, 23 de março de 2016

QUARESMA



Sempre na primavera
Um Cristo prometaico eternamente crucificado
Grita contra o pai que anualmente
Exige o sacrifício da subida ao Gólgota

Em vias-sacras repetidas à exaustão
Sob o olhar da criança que chora
No tempo prometido de flores
Cristo caminha lentamente para a morte
Durante quarenta dias e quarenta noites
Pelos séculos sem fim

A criança chora ciclicamente
Até ao desespero do desamparo
Na subida íngreme
Ninguém acode a tanta dor
Nem deus a nosso senhor

Março de 2016
Poesia zed