domingo, 20 de junho de 2010

EPITÁFIO DE JOSÉ SARAMAGO

Partiu em Junho, o mês de Luís de Camões e de Fernando Pessoa. E, a partir de agora, o mês de José Saramago.

A 10, celebra-se Luís de Camões (1525 (?)- 1580)

«No mais, Musa, no mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Du(m)a austera, apagada e vil tristeza.»
(Os Lusíadas, estância 145.)

A 13, Fernando Pessoa (13/ 06/1888 - 30/11/1935)

«Eras sobre eras se somem
No tempo que em  eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!»
(Mensagem, in «O Quinto Império».)



A 18, José Saramago (16/11/1922 - 18/06/2010)
«Tome-se um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor,
Três gotas de tristeza, um tom dourado,
Uma veia sangrando de pavor,
Quando a massa já ferve e se retorce
Deita-se a luz dum corpo de mulher,
Duma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta assim requer.»
(Colóquio/Letras, n.º151/152, p.25.)

Que inúmeros cérebros devorem a vossa Obra imortal!